O homem aprende por dois motivos: por gosto ou por necessidade.
Depois de passar um semestre brincando com Pascal na era pré-google ( quando não encontravamos uma pagina através do yahoo ou cadê, tentavamos urls aleatórias como www.pascal.org - que era a pagina da família pascal ), tive uma disciplina cujo professor só sabia Fortran e C.
Através do MOO descobri o curso on-line da UFMG, e pude dar os primeiros passos em C. Entretanto o foco dessa disciplina não era fazer agenda ou video-locadora - eram programas científicos. Linux, gnuplot, maple… foi um mundo muito divertido.
É claro que algumas coisas eu simplesmente não compreendia: os tais dos ponteiros, por exemplo. Era só ver um * que não fosse multiplicação que eu já tinha dor de cabeça. E assim se passaram alguns anos onde eu apenas reproduzia os comandos que tinha aprendido.
Anos depois, conversando com o CaSantos caímos em uma micro-aula de programação. Eis que ele profere sabias palavras: Ao estudar uma linguagem de programação, a primeira coisa que se precisa estudar são os conceitos e, por último, a sua sintaxe.
Toda a vez que eu entrava em uma lista de discussão ou forum e via as perguntas dos novatos eu lembrava dessa frase. Coisas como dizer que os arquivos .h do C são bibliotecas, colocar system(“pause”) pro programa não “fechar do nada” e por ai vai. O tipo da coisa que, quem conhece o conceito, não perguntaria.
Por que razão não se ensina os conceitos de uma linguagem logo no começo? Eu só posso pensar que é para os alunos aprenderem de forma intuitiva no começo e resgatar isso mais tarde (talvez em uma cadeira de compiladores, sei lá), mas será que isso acontece?
Geralmente o trabalho de fim de semestre dessas cadeiras é um CRUD em C com listagem (ou relatório) de alguma coisa ordenada de uma ou mais formas. Cadastrar alunos ou contas bancárias, salvando em arquivo.
Pois bem, se é uma disciplina introdutória, por que raios alguem iria pedir um CRUD?? Meu deus, os alunos mal sabem como compilar o programa, tampouco debuga-lo - No maximo enchem de printf(“passei por aqui”) - e pedem um programa com ‘menu interativo’! Ai o camarada perde metade do tempo fazendo ‘menuzinho’ com asteriscos ou outro caracter e não consegue implementar a lógica. Quando implementa é aquela maçaroca. O que isso ensina?
Eu daria uma sugestão: quer ensinar C ou Java ou Snobol 4, ensine. Mas não peça um programa CRUD cheio de frescura - peça uma biblioteca. De um arquivo header ou uma interface java e diga: implementem essas funções/metodos ai. Eu vou testar o meu programa com essa biblioteca e espero que tudo funcione.
videolocadora.h
Enfim, não consigo pensar num exemplo melhor. A ideia é introduzir um desenvolvimento em camadas, deixando o aluno pensar em como ele vai gravar, ler e ordenar os dados sem frescuras de tela, ensinando a fazer testes e também a debugar a aplicação.
Quer ensinar a fazer telinha? Ensina em outra disciplina, nesse caso ensinando técnicas de design apropriadas. Começando pela linha de comando do unix: como pode um aluno se formar sem nunca ter criado o seu próprio grep? Criar interfaces com o usuário não é algo facil, requer muito estudo, principalmente de usabilidade.
Alias fazer “telinhas” geralmente supõe colocar um programa em um estado. Quem aprende o conceito de maquina de estados no momento que esta fazendo esse cadastro? Posso apostar que esse pessoal não sabe o que é stateless e statefull e o professor nem pensa q isso seja importante (aqui eu lembro da agenda de telefones que eu fiz em pascal).
Fica aqui a minha sugestão. Espero que faça sentido :)
Depois de passar um semestre brincando com Pascal na era pré-google ( quando não encontravamos uma pagina através do yahoo ou cadê, tentavamos urls aleatórias como www.pascal.org - que era a pagina da família pascal ), tive uma disciplina cujo professor só sabia Fortran e C.
Através do MOO descobri o curso on-line da UFMG, e pude dar os primeiros passos em C. Entretanto o foco dessa disciplina não era fazer agenda ou video-locadora - eram programas científicos. Linux, gnuplot, maple… foi um mundo muito divertido.
É claro que algumas coisas eu simplesmente não compreendia: os tais dos ponteiros, por exemplo. Era só ver um * que não fosse multiplicação que eu já tinha dor de cabeça. E assim se passaram alguns anos onde eu apenas reproduzia os comandos que tinha aprendido.
Anos depois, conversando com o CaSantos caímos em uma micro-aula de programação. Eis que ele profere sabias palavras: Ao estudar uma linguagem de programação, a primeira coisa que se precisa estudar são os conceitos e, por último, a sua sintaxe.
Toda a vez que eu entrava em uma lista de discussão ou forum e via as perguntas dos novatos eu lembrava dessa frase. Coisas como dizer que os arquivos .h do C são bibliotecas, colocar system(“pause”) pro programa não “fechar do nada” e por ai vai. O tipo da coisa que, quem conhece o conceito, não perguntaria.
Por que razão não se ensina os conceitos de uma linguagem logo no começo? Eu só posso pensar que é para os alunos aprenderem de forma intuitiva no começo e resgatar isso mais tarde (talvez em uma cadeira de compiladores, sei lá), mas será que isso acontece?
Geralmente o trabalho de fim de semestre dessas cadeiras é um CRUD em C com listagem (ou relatório) de alguma coisa ordenada de uma ou mais formas. Cadastrar alunos ou contas bancárias, salvando em arquivo.
Pois bem, se é uma disciplina introdutória, por que raios alguem iria pedir um CRUD?? Meu deus, os alunos mal sabem como compilar o programa, tampouco debuga-lo - No maximo enchem de printf(“passei por aqui”) - e pedem um programa com ‘menu interativo’! Ai o camarada perde metade do tempo fazendo ‘menuzinho’ com asteriscos ou outro caracter e não consegue implementar a lógica. Quando implementa é aquela maçaroca. O que isso ensina?
Eu daria uma sugestão: quer ensinar C ou Java ou Snobol 4, ensine. Mas não peça um programa CRUD cheio de frescura - peça uma biblioteca. De um arquivo header ou uma interface java e diga: implementem essas funções/metodos ai. Eu vou testar o meu programa com essa biblioteca e espero que tudo funcione.
videolocadora.h
int cadastra_video(char *nome, int preco, int categoria);
int cadastra_cliente(char *nome, char *cpf, char *endereco);
int aluga_video(...);
Enfim, não consigo pensar num exemplo melhor. A ideia é introduzir um desenvolvimento em camadas, deixando o aluno pensar em como ele vai gravar, ler e ordenar os dados sem frescuras de tela, ensinando a fazer testes e também a debugar a aplicação.
Quer ensinar a fazer telinha? Ensina em outra disciplina, nesse caso ensinando técnicas de design apropriadas. Começando pela linha de comando do unix: como pode um aluno se formar sem nunca ter criado o seu próprio grep? Criar interfaces com o usuário não é algo facil, requer muito estudo, principalmente de usabilidade.
Alias fazer “telinhas” geralmente supõe colocar um programa em um estado. Quem aprende o conceito de maquina de estados no momento que esta fazendo esse cadastro? Posso apostar que esse pessoal não sabe o que é stateless e statefull e o professor nem pensa q isso seja importante (aqui eu lembro da agenda de telefones que eu fiz em pascal).
Fica aqui a minha sugestão. Espero que faça sentido :)
Parabéns novamente pelo post.